Cinco Votos para Obter Poder Espiritual.

Primeiro - Trate Seriamente com o Pecado. Segundo - Não Seja Dono de Coisa Alguma. Terceiro - Nunca se Defenda. Quarto - Nunca Passe Adiante Algo que Prejudique Alguém. Quinto - Nunca Aceite Qualquer Glória. A.W. Tozer

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Liderança segundo Deus

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Por Russell Shedd
Uma característica da natureza humana é uma ambição inata. Quem não quer ser alguém? Quem não quer subir no palco e ouvir as palmas bater? Superados os problemas de segurança e alimentação, diz o psicólogo Abraão Maslow, o homem quer sentir que valeu a pena viver. Ele quer fazer diferença, deixar um legado positivo. Apenas existir durante algumas décadas na terra não cria no íntimo aquele sentimento agradável que ele contribuiu algo de valor ao mundo. Se a origem deste incômodo vem de Deus, podemos entender porque Paulo escreveu 1 Timóteo 3:1: Digna de crédito é esta verdade. Se alguém almeja ser bispo (epíscopos, isto é, um supervisor responsável para uma comunidade), deseja uma excelente (kalos, bela, agradável) obra ou função. Poderíamos dizer: "Quem tem a ambição de ser líder de uma igreja cristã, quer algo que satisfará um profundo desejo em seu coração". Examinemos as condições básicas que Paulo alistou para seu discípulo querido, e o ideal para todo aquele que se sente chamado por Deus para conduzir uma igreja local.
Qualificações do líder:



1) O candidato deve querer esta posição. Ainda que seja praxe em concílios, convocados para pedir do pretendente ao ministério pastoral uma confirmação que ele tenha um chamado para tal, Paulo emprega a palavra "quer". Pedro concorda: "Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade" (1 Pe 5:2). Sugere que, se falta este desejo, o candidato não deve ser considerado vocacionado por Deus.


2) Deve ser irrepreensível, isto é, sem falhas morais ou éticas que poderiam diminuir sua aceitação da parte de Deus e da igreja como líder.

3) Não pode ser casado com mais do que uma mulher.

4) Deve ser uma pessoa equilibrada sem tendências extremistas.

5) Deve ter domínio sobre suas emoções e apetites. É também o último item na lista do fruto do Espírito (Gl 5.23).

6) Deve ser digno de respeito da parte daqueles que conhecem bem o seu caráter, isto é, ter qualidades de integridade, honestidade e confiabilidade, sem ações e atitudes que desmentem suas palavras. Pratica o que prega.

7) Gosta das pessoas; gosta de hospedar irmãos que necessitam cuidados básicos – casa e comida.

8) Ele tem facilidade em expor o sentido real e prático da Palavra de Deus. Sendo expositor sério da Bíblia, não omite a responsabilidade de explicar e aplicar o texto às vidas dos ouvintes. Mostra no próprio texto como então Deus quer que Seus filhos vivam no contexto da pós-modernidade.

9) Ele evita qualquer comida, bebida ou droga que possa viciá-lo. Sabe do perigo de se escravizar a um prazer que não seja pecado em si.

10) Ele é manso, portanto não reage à provocações com violência, mas está pronto para perdoar. Longe de querer se vingar, ele cumpre o papel de pacificador e reconciliador. Confrontar pecadores não provoca temores exagerados neste servo do Senhor.

11) Não tem uma personalidade briguenta, mas amável. Tem ouvido para os problemas dos membros da igreja e simpatiza com as pessoas nas intermináveis lutas delas.

12) Não tem nem uma só gota de sangue avarenta cursando pelas suas veias. Seu espírito generoso tem somente os limites dos seus recursos.

13) Vive numa casa ordeira, organizada, que reflete sua disciplina pessoal. Seus filhos são respeitosos e obedientes. Eles amam o Senhor e se sentem privilegiados acima dos colegas da escola que não têm pais tão comprometidos com Deus como eles têm.

14) Não é tão novo na fé que os membros na igreja o reputem imaturo. Feliz no serviço de Deus, sua sabedoria excede em muito os seus anos.

Muitas igrejas são lideradas por pastores que carecem de algumas ou mesmo muitas das qualificações que Paulo estipula. Provavelmente, a Timóteo faltava um ou outro destes valores, mas isto não o desqualificou. Ele tinha o aval de Deus segundo 1 Timóteo 4.14! As igrejas terão que avaliar quais são as lacunas que são totalmente inaceitáveis e quais são toleráveis.
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Publicação original disponível aqui       p


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

03 coisas que a queda do avião da Chapecoense nos faz pensar














O Brasil acordou na manhã do dia 29/11 com a notícia de uma tragédia. O avião que transportava a delegação da Chapecoense caiu próximo a Medellín, Colombia, vitimando 76 pessoas, entre jogadores, comissão técnica e jornalistas. Milagrosamente cinco pessoas sobreviveram, tendo sido levadas para hospitais e clinicas da região.

A tragédia de Medellin, me faz pensar sobre a vida e sobre a sua brevidade, isto posto resolvi escrever três coisas que a tragédia do avião da chapecoense nos faz pensar:

1-) A vida é breve. Ela passa com uma rapidez enorme e numa velocidade espantosa. Veja o que Tiago fala a respeito disso:

"Atendei agora, vós que dizeis: hoje, ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos como faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das das vossas arrogantes pretensões. Todajactância semelhante a essa é maligna. Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando" (Tiago 4: 13-17)


2-) vida é incerta, dura e curta. Todos nós um dia enfrentaremos a morte. A questão é, se estamos ou não preparados para ela. As Escrituras afirmam que todos os homens são pecadores e que em virtude disto todos estão condenados, a não ser que Cristo os salve da morte eterna Perdoando os seus pecados.


3-) Todos nós estamos nas mãos de Deus. Pobres, ricos, brancos, negros, doutores, indoutos. Ele  é quem controla tanto a morte como a vida e nada foge ao seu domínio. 

Pense nisso!

Renato Vargens

Fonte: Blog do autor 


A diferença entre justiça e juízo - Pr. Paulo Junior

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Fonte: Canal do YouTube  Missão na Integra


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

DEBAIXO DO CAJADO DE JESUS

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“O Senhor é o meu pastor; nada me faltará” (Sl 23.1)
O Salmo 23 é um reservatório inesgotável de consolo para o povo de Deus. Dessa fonte jorra copiosamente refrigério para os cansados, força para os fracos  e alegria para os tristes. Jesus é o pastor divino. Ele é o bom, o grande e o supremo pastor. Ele ama suas ovelhas e cuida delas. Ele deu sua vida por elas e as guiará à casa do Pai, à bem aventurança eterna. O Salmo 23 enseja-nos três lições assaz oportunas: Em primeiro lugar, porque o Senhor é o nosso pastor, há pleno suprimento para as nossas necessidades (Sl 23.1-3). Embora, como ovelhas somos frágeis, míopes, inseguros e inclinados a nos desviarmos do aprisco das ovelhas, em Jesus Cristo, o bom, o grande e o supremo pastor, temos repouso, refrigério e direção. Jesus não é apenas o nosso grande provedor; ele é, também, nossa melhor provisão. Ele não apenas nos concede sua paz nas tormentas da vida; ele é a nossa paz. Jesus não apenas nos guia pelas veredas da justiça; ele é a nossa justiça. Jesus não é apenas pastor; ele é o nosso pastor. Aquele que está assentado no trono e tem as rédeas da história em suas mãos, pastoreia a nossa alma, alimenta-nos com sua graça e fortalece-nos com seu poder.  Conhecer a ele é a própria essência da vida eterna. Andar com ele é a maior de todas as venturas. Glorificar a ele é a razão da nossa vida. Fazer a sua vontade é a maior de todas as nossas metas. Portanto, como Davi podemos alçar nossa voz e dizer que o Senhor é o nosso pastor, por isso, nada nos faltará!
Em segundo lugar, porque o Senhor é o nosso pastor, há consoladora companhia nas adversidades (Sl 23.4,5). A vida cristã não é uma jornada fácil. Cruzamos desertos tórridos e vales profundos. Atravessamos mares revoltos e enfrentamos ventos contrários. Porém, mesmo quando andamos pelos vale da sombra da morte, não precisamos ter medo. E isso, não porque somos fortes ou os perigos são irreais. Nossa confiança decorre do fato de Jesus estar conosco em todas as circunstâncias e em todo o tempo. Não precisamos ter medo dos adversários que nos ameaçam, pois o nosso pastor nos dá vitória sobre eles. Não precisamos ter medo de vexame e fracasso, pois o nosso pastor nos honra, ungindo-nos a cabeça com óleo. Não precisamos ter medo da tristeza que ronda a nossa alma, pois o nosso pastor oferece-nos robusta alegria, fazendo o nosso cálice transbordar.
Em terceiro lugar, porque o Senhor é o nosso pastor, temos bendita comunhão para a eternidade (Sl 23.6). Não apenas nosso pastor está conosco, mas, também, coloca ao nosso lado dois escudos seguros: bondade e misericórdia, e isso, durante todos os dias da nossa vida. Bondade é o que Deus nos dá e não merecemos, a sua graça. Misericórdia é o que nós merecemos, e Deus nãos nos dá, o seu juízo. Ladeados por bondade e misericórdia avançamos neste mundo, guardados e protegidos. Porém, quando a carreira terminar, então, habitaremos na Casa do Senhor para todo o sempre. Aqui o Senhor está conosco; lá, nós estaremos com ele. Sua presença será nossa alegria e nossa maior recompensa. O céu é a Casa do Pai. O céu é o nosso lar. Para lá caminhamos. Lá está a nossa pátria. Lá está o nosso tesouro. Lá está o nosso bom, grande e supremo pastor. Ele o centro dos decretos divinos. Ele é o centro das Escrituras. Ele é o centro da história. Ele é o centro da eternidade. Ele é o centro do paraíso. Vivemos nele, com ele e para ele. Jesus é a nossa segurança, a nossa provisão, a nossa paz, a nossa justiça, a nossa alegria, a nossa recompensa. Com ele estaremos para sempre e com ele reinaremos pelos séculos eternos!
Rev. Hernandes Dias Lopes
Fonte: Site do autor 

Por que sou contra o aborto

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Poucas coisas nesse mundo causam-me desgosto. Por assumir uma visão normativamente negativa da humanidade, acredito que a existência e a prática de atos deploráveis são possíveis aos homens, em qualquer época e lugar, religião ou filosofia, por qualquer razão ou falta dela, a quem quer que seja por quem quer que for. E isso é claramente demonstrado na experiência humana, seja nos livros de história ou nas histórias do Datena. Num mundo com claras tendências ao mal, tenho a convicção de que a maldade do homem pode ser  manifesta de diferentes modos e a qualquer momento. Entretanto, a questão da luta pela liberdade do aborto me causa um amargo desgosto.
arq_678Eu não consigo entender como alguém teria condições morais para defender o aborto como uma questão de liberdade do indivíduo. Eu acredito que para encontrar qualquer consistência nesse tipo de argumento, a dessensibilização da consciência e a desumanização da vida são fundamentais. Entretanto, essas são duas coisas que não consigo fazer.
Eu acredito que para encontrar qualquer consistência da defesa do aborto como uma questão de liberdade do indivíduo, a dessensibilização da consciência e a desumanização da vida são fundamentais.
Para dessensibilizar a consciência desse modo é necessário abraçar alguma forma de niilismo, ou talvez alguma forma extremada de hedonismo, a ponto de considerar como válido apenas o desejo do ego em detrimento da  existência de um ente, que por sua fraqueza precisa ser destituído de qualquer direito, vez ou voz. Por isso, pouco importa o que [ou melhor quem] é que perde o direito a vida, o que realmente importa é que indivíduo não perca a possibilidade da liberdade dos encargos da maternidade.
Para desumanizar a vida desse modo é necessário acreditar que existem diferentes tipos de vida, e que os estágios mais embrionários da vida são na verdade não humanos. Um embrião pode até ser considerado como vivo, mas não goza do status de humano. Por isso, exterminar a possibilidade de vida fora do útero de um embrião não pode ser classificado como um assassinato.
Como já disse, essas são premissas que eu não consigo assumir. Não consigo encontrar argumentos que sejam suficientes para suportar a validade moral dessas premissas. E é por isso que eu sou contra o aborto.

Por que Sou Contra o Aborto

Partindo da cosmovisão cristã, posso afirmar que sou contra o aborto por que eu acredito na dignidade da vida humana, independente do tempo de existência. De acordo com o Cristianismo, a vida humana é marcada pela  dignidade que lhe foi atribuída por seu Criador (Gen 1:26, 27a, b; 9:6). Tal dignidade é descrita nos termos da Imago Dei (imagem de Deus), que em última análise reflete a dignidade do Criador. Não importa qual é o estado de rebelião do indivíduo em relação a Deus, sua vida é ainda marcada pela dignidade derivada da criação. É por isso que o assassinato, em qualquer forma, é deplorável diante dos valores morais do Cristianismo.
Eu sou contra o aborto por que acredito na humanidade da criança não nascida, desde os mais embrionários estágios da vida. As escrituras tratam da criança não nascida como pessoas (Gen. 25:22; Jer 1.5; Sal 22:9-10; 71:6), a ponto de serem consideradas como filhos mesmo antes do seu nascimento (Lc 1.36, 41, 44). Nas escrituras, a criança não nascida é frequentemente descrita como os mesmos termos que descrevem um criança já nascida, o que sugere que não existe diferença essencial entre elas (Gen. 38:27-30; Jo 1:21; 3:3, 11-16; 10:18-19; 31:15; Sal.51:5; Isa. 49:5; Jer. 20:14-18; Os. 12:3; Lc 1:15; Rom. 9:10-11). É por iso que o aborto é considerado como assassinado do ponto de vista da cosmovisão cristã.
Eu sou contra o aborto por que o sou contra a morte de crianças inocentes. Do ponto de vista do Cristianismo, a morte do inocente é deplorável (Gen 9.6; Exo 23.7; Deut 19.10-11; 27.25; Prov 6.16-19), e no caso do aborto, a criança é penalizada com morte pelo simples fato de existir.  Ela não é culpada de sua existência, ainda que com ela grandes desafios venham a existir. Do ponto de vista do Cristianismo, a vida é sagrada (Gen. 1:26–27; 2:7; Deut. 30:15–19; Jo 1:21; Sal. 8:5; 1 Cor. 15:26), em especial a vida das crianças (Sal. 127:3–5; Lc 18:15–16).
Eu sou contra o aborto por que acredito que o direito a vida da criança não nascida é maior que o direito da liberdade da mãe. A partir do momento que entendemos a criança não nascida como humana, seu direito à vida é superior ao direito da liberdade da mãe. Nas escrituras, o direito da criança é garantido na lei (Deut. 14:29; 24:17–21; 26:12–13; cf. 16:11, 14) ao mesmo tempo que o assassinato de crianças não nascidas é visto como o mais desumano e cruel dos atos dos homens ímpios (2Re 8:12; 15:16; Os. 10:14–15; Na. 3:10; cf. Mat. 2:16).
Eu sou contra o aborto por que acredito que a criança não nascida não é parte da constituição do corpo da mãe. Na verdade a criança não nascida tem um código genético distinto da mãe, um sistema imunológico distinto do da mãe e em muitos casos um tipo sanguíneo e gênero distinto da própria mãe. Nas escrituras a criança não nascida nunca é confundida com a mãe, ou apresentada como parte do corpo da mãe.

Uma Visão Retrógrada desde a Antiguidade

Talvez você tenha lido até aqui e concluído que a visão cristã da dignidade da vida humana, mesmo em sua forma mais embrionária, seja retrógrada, ultrapassada e sem lugar no diálogo sobre o aborto nos nossos dias. E talvez você tenha razão: O cristianismo defende mesmo uma opinião antiga, ultrapassada e a cada dia que passa tem seu lugar reduzido no diálogo sobre a dignidade da vida humana. Mas, historicamente, nós cristãos estamos acostumados com isso. No que se refere ao chamado “direito” ao aborto, o monoteísmo judaico-cristão é considerado ultrapassado há muito tempo.
No que se refere ao chamado “direito” ao aborto, o monoteísmo judaico-cristão é considerado ultrapassado há muito tempo.
Os filósofos da Grécia não me deixam mentir aqui. De acordo com as leis de Sólon em Atenas (638-558 a.C) os pais tinham o direito de condenar seus filhos à morte em qualquer momento de suas vidas (Sextus Empiricus: Hyp3,24; Hermógenes: De. Invent. I.1). Entre os escritores clássicos não era incomum encontrar ilustrações desse fato, e que também não era incomum que o aborto fosse realizado por meio de substâncias químicas (ἀμβλωθρίδιον; cf. Ph.1.59; Poll.2.7; Aret.CA2.11). Platão (427-348 a.C.), por exemplo, defendia que uma sociedade forte seria construída de modo análogo a criação de animais: “Se quisermos manter nosso rebanho no mais alto grau de excelência, deve existir o maior número de união possível entre o melhor dos animais de ambos os sexos (…) Aqueles que tem pais de uma ordem inferior, e qualquer criança dentre eles que sofra de alguma deformidade serão mortos de um modo misterioso, e colocados em um lugar desconhecido, como deve ser.” (Republic 460B). Aristoteles (384-322 a.C.) também defendia que a decisão entre criar ou matar uma criança deveria ser tomada com base na deformidade da mesma, e dizia: “que deveria existir uma lei que afirmasse que nenhuma criança com deformidade tem direito a vida(…)   quando um casal tiver filhos em excesso, que eles realizem o aborto antes dos sentidos e da vida começar” (Politics 7.14).  Já no primeiro século da era cristã, Hilarion escreve uma carta para sua esposa Alis, na qual ele afirma: “Se porventura você engravidar, e se for um menino, deixe que ele viva. Mas se for uma menina, jogue-a fora” (P.Oxy 744).
Similarmente, em Roma o mesmo direito existia, mas com algumas ressalvas. De acordo com Dionísio de Halicarnasso (I sec a.C.), o historiador grego, existia em Roma uma lei que proibia a morte de qualquer criança antes dos três anos, pois a expectativa era que esse tempo permitisse aos pais desenvolver algum tipo de afeto pela criança antes de encerrar sua vida (Roman Antiquities2.15). Até mesmo Sêneca (4a.C.-65d.C.), o ético e estóico escritor, partilhava desse sentimento e dizia: “Os cachorros loucos, nós esmurramos a cabeça; o animal feroz e selvagem nós matamos; as ovelhas doentes nós matamos com faca para proteger o rebanho; o descendente desnecessário nós destruímos; até mesmo afogamos as crianças que no nascimentos parecem fracas ou anormais” (On Anger I. 15.2). De acordo com Sêneca, o que movia os romanos ao nobre ato de assassinar seus descendentes não era a raiva, mas a razão. De acordo com Sêneca, a morte de um filho não desejado era um ato em conformidade com a razão. Agora, a razão em si não era a única razão pelo qual os romanos eram inclinados a assassinar seus próprios descendentes. Na verdade, as razões para tal prática eram as mais diversas, e um pai poderia assassinar seus filhos pelo simples fato de considerar ter filhos o suficiente (LongusPastor 4). Aliás, foi Cornélio Tácito (55-120 d.C.), o historiador romano, que ao investigar o comportamento dos judeus os ridicularizou por descobrir que eles condenavam tanto o aborto quanto o infanticídio: “Entre ele é um crime matar crianças recém nascidas” (Histories, 5.5).

Outro Fundamento, Outro Ponto de Vista

Os fundamentos éticos, morais e intelectuais do judaísmo estavam em franca oposição a visão apresentada pelos filósofos e historiadores greco-romanos
Por outro lado, os judeus não partilhavam da mesma visão apresentada por esses filósofos e historiadores greco-romanos. Os fundamentos éticos, morais e intelectuais do judaísmo estavam em franca oposição a eles. De acordo com Flávio Josefo, o povo judeu é um povo que tem orgulho em “criar seus filhos e fazê-los guardar as leis preservando a piedade tradicional, que de acordo com eles é a mais importante das tarefas nessa vida” (Apion 1.60), afinal, de acordo com Josefo, a lei “deu ordens para cuidar de todas as crianças” (Apion 2.202). Digno de nota que nas duas passagens Josefo reage contra a prática Greco-Romana de abandono de crianças e do infanticídio, demonstrando que ambas as práticas eram consideradas anátema entre os judeus. Entre eles, “uma mulher não poderia matar a crianças não nascida ainda em seu ventre, nem ainda após o seu nascimento entregar aos cães ou a aves de rapina” (Ps.Phocydes). De acordo com Filo de Alexandria,  o abandono de crianças era proibido entre os judeus em função de que “tal ato de impiedade tornou-se comum entre as outras nações, devido a sua desumana natureza” (Spec.Laws 3.111). Pouco à frente Filo ainda afirma: “Que os pais que privam seus filhos de todas as bênçãos, não dividindo com eles nada no momento do nascimento, que eles saibam que estão violando as leis da natureza, e que apesar de atribuírem a tal grandeza  ao amor ao prazer, eles odeiam sua própria espécie, e são assassinos, que executam o modo mais cruel assassinato, o infanticídio” (3.112). De acordo com Filo, a santa lei detesta aqueles que conspiram contra crianças, e os considera dignos de estrita punição (3.119).
De fato, o judaísmo era conhecido no mundo antigo por sua condenação do aborto e do infanticídio. A razão para tal visão da dignidade da vida humana mesmo em seu estágio embrionário, é que o ethos judaico era definido pela Lei Divina, que proibia qualquer tipo de sacrifício de crianças (Ex 13:13; Lev 18:21; 20:1-5; Num 18:14) e ao mesmo tempo reconhecia que a criança ainda no ventre de sua mãe era um ser humano (Gen 25:22-24; Ex 21:22-25; Jer 1:5). Aliás, de acordo com o AT, o próprio Deus zela pelas crianças e recompensa aqueles que as protegem (Ex.1:15-21; 2:6; Eze 16:3-6).
Diferente de outras civilizações do Oriente Médio Antigo, a legislação de Israel nem se quer menciona o caso do aborto. Por exemplo, nas Leis Assírias (1200 a.C.) encontra-se uma série de instruções relacionadas a morte de crianças não nascidas divididas em duas categorias: (1) A morte acidental da criança, vítima de um terceiro seria resolvida por meio do pagamento de um dívida. Caso a mãe viesse a morrer, o acusado pelo acidente teria o mesmo destino (A§50-52); (2) Por outro lado, se a mãe, por razões próprias decidisse terminar com a gravidez, ela também sofreria o mesmo fim, sendo empalada sem direito de ser enterrada (A§53; cf. COS II:281-2). Na legislação de Israel nós encontramos situações similares à primeira categoria mencionada nas leis assírias, entretanto, não encontramos qualquer paralelo para a segunda. Em outras palavras, a ideia do aborto era tão estranha entre os judeus, que a legislação de Israel nem sequer contemplou uma possível punição para o mesmo.
O Cristianismo é veementemente contrário ao abandono de crianças, o infanticídio e o aborto desde o estágio mais embrionário da fé cristã.
Por isso, não era surpreendente que o Cristianismo, desde o mais embrionário estágio, fosse veementemente contra o abandono de crianças, o infanticídio e o aborto. De acordo com o antigo documento cristão conhecido como Didaque (50-100d.C.), na sessão de pecados absurdos a serem evitados, nós lemos: “não assassinarás a criança por meio do aborto, nem matarás a criança já nascida” (2.2). Na epístola de Barnabé (70-130 d.C), seu autor instrui os cristãos no caminho da luz, e para permanecer nele, o cristão “não matará a criança por meio do aborto, nem a destruirá depois de seu nascimento” (19.10). Ao descrever os cristãos, o autor da carta a Diogenetodisse: “Eles se casam como todos os outros homens, e tem filhos. Mas eles não abandonam os seus filhos” (Ep.Dio5.6). Atenágoras de Atenas (133-190d.C.) já dizia que “aquelas mulheres que usam drogas para induzir o aborto cometem assassinato e precisarão prestar contas a Deus desse aborto” (Supplicatio 35). Pouco antes, Atenágoras também responde aos que acusam  os cristãos de assassinar seus filhos dizendo que “o mesmo homem não pode proibir o abandono de crianças, ao equiparar tal atitude ao infanticídio, e então assassinar a criança que tem quem dela possa cuidar” (Supplicatio 35). Minucio Felix (150-270d.C.), respondendo à mesma acusação afirma que “ninguém acredita em tal acusação, mas sabemos quem é capaz de tal crime. Entre vocês eu vejo recém nascidos eventualmente abandonados e entregues às feras e pássaros, ou violentamente estranguladas em uma morte certamente dolorosa” (Octaviuss 30.1, 2).
Justino Mártir (110-175) escreve: “No que se refere a nós, nos foi ensinado que o abandono de crianças recém nascidas é a ação do ímpio. Isso nos foi ensinado para que não causemos a ninguém qualquer tipo de lesão, ou venhamos a ser culpados de tão ímpia conduta” (First Apology I.27.1-2). Tertuliano (155-240d.C.) já afirmava que “a lei de Moisés, na verdade, pune com o devido rigor, o homem que causar um aborto, baseado no fato de que ali já existe o rudimento de um ser humano” (Treasure on the Soul, 37). Em outro livro, Tertuliano também responde a seus acusadores sobre o cristianismo e pergunta: “Quantos dos os seus líderes, notáveis por sua justiça com vocês e pela severa administração para conosco, devo eu acusar de acordo com a consciência deles com o pecado de assassinar seus próprios filhos? No que se refere a diferença de gravidade do assassinato, esse é certamente o modo mais cruel de matar afogando [o recém nascido], ou o abandonando no frio, com fome e aos cachorros. (…) No nosso caso, entretanto, uma vez que o assassinato em todas as suas formas é proibido, nós não destruímos nem mesmo o feto no ventre de sua mãe” (Apology, 9).

Outro Ponto de Vista, Outro Modelo

Com fica evidente, o desprezo descaso pela criança faz parta da história da humanidade. Nos nossos dias, entretanto, a idade com que as matamos, ou as razões que usamos para justificar tal ato, são diferentes, mas o desprezo e o descaso com as crianças continuam entre nós. Entre os filósofos gregos, o fortalecimento da sociedade justificava a morte de crianças fracas. Para eles, era melhor entregar uma criança que sofria de deformidades aos cães do que criar tal aberração. Entre os romanos, a razão e a sensibilidade eram os motivos para o assassinado a sangue frio de crianças, nascidas ou não. Contudo, em nossos dias alguns defendem que o assassinato de crianças não nascidas seja definido pela liberdade do indivíduo. Em outras palavras, eles querem que a decisão entre vida e morte seja entregue à mães que rejeitam sua maternidade, a indivíduos que valorizam o seu corpo, o seu trabalho, a sua carreira enquanto desprezam a vida dos seus próprios descendentes. Pessoas cuja consciência foi dessensibilizada a ponto de conseguirem desumanizar a vida dos seus próprios filhos.
Entretanto, o Cristianismo se opõe radicalmente a essa visão de mundo por que o motivo que os move é o amor. Amar ao outro sempre fez parte do monoteísmo judaico-cristão, mesmo quando esses não foram exemplares no exercício de suas responsabilidades. Entretanto, os cristãos não são apenas convidados  a amar o outro, mas a amá-los do mesmo modo que seu mestre os amou (Jo.13.34-35). Os cristãos são convidados por Cristo a amar aqueles que deles discordam e orar por aqueles que os perseguem (Mt.5.44). Como Jesus Cristo, o mestre maior dos cristãos, eles valorizam e respeitam as crianças (Mt.19.14Lc.18.16), por que sabem que quando assim o fazem, eles valorizam e respeitam o próprio Cristo (Mt.18.5). Para o cristão, servir, amar, proteger aqueles que não tem vez ou voz é um ato de amor expresso ao próprio Cristo (Mt.25.35-40). É por isso que os cristãos são contra o aborto, criam orfanatos para cuidar de crianças abandonadas, prestam assistência as crianças nas ruas, prestam assistência a mães que precisam de ajuda e lutam pela voz e o direito das crianças não nascidas. Aliás, valorizamos aqueles que não tem vez ou voz desde os momentos mais embrionários da fé cristã.
Eu acredito que as escrituras apresentam os valores morais defendidos por Deus, e com ela afirmo que sou contra o aborto, infanticídio e o abandono de crianças.
Em outras palavras, a tradição Cristã sempre foi contrária ao abandono de crianças, do infanticídio e do aborto, por que os cristãos acreditavam que a beleza e a dignidade da vida superam o desastre da morte, em especial o do assassinato.  Eles valorizavam as escrituras e acreditavam que os valores morais apresentados nela eram de fato corretos, como foi também claramente ilustrados pelo próprio Cristo.
E o mesmo não é diferente comigo. Eu acredito que as escrituras apresentam os valores morais defendidos por Deus, e com ela afirmo que sou contra o aborto, infanticídio e o abandono de crianças. Pouco me importa se vier a ser rotulado como antiquado, retrógrado ou religioso por aqueles que acredito serem assassinos de crianças ou coniventes com tal atrocidade. Do ponto de vista da cosmovisão cristã, é aqui que me encontro, contra o aborto e em oposição aqueles que o valorizam.
Marcelo Berti
Fonte: Site Teologando 

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