Cinco Votos para Obter Poder Espiritual.

Primeiro - Trate Seriamente com o Pecado. Segundo - Não Seja Dono de Coisa Alguma. Terceiro - Nunca se Defenda. Quarto - Nunca Passe Adiante Algo que Prejudique Alguém. Quinto - Nunca Aceite Qualquer Glória. A.W. Tozer

terça-feira, 5 de junho de 2018

Perdoar a si mesmo é ridículo



Vivemos numa época em que conselheiros se multiplicam. Muitos conselheiros – acho que a maioria bem intencionada, - pelo menos quero crer - apesar de não estarem sendo dirigidos pela Bíblia – dizem:  “Deus perdoou você. Agora você precisa se perdoar”.


Quanto mais nossa geração terapêutica ouve esse conselho, mas lhe parece perfeito. A pessoa diz a si mesma. “Todos nós cometemos erros. Afinal, errar é humano. Eu preciso aceitar o fato de que não há nada que eu possa fazer para consertar o passado. Esse sentimento de negatividade, fracasso, vergonha, culpa... eles fizeram do meu coração sua casa. Preciso expulsá-los, recuperar meu coração... O que importa se os outros me perdoarem, ou se até o próprio Deus me perdoou, se eu ainda continuar retendo o perdão a mim mesmo? Até que eu conceda o auto-perdão, o acusador irá rondar meu mundo, cuspindo suas palavras de acusação...”


Isso se tornou tão comum, que aposto que em algum momento de tua vida, você recebeu – ou deu – esse conselho: Perdoe a si mesmo. Então quer dizer que você arruinou teu casamento e agora se vê divorciado e solitário... é hora de perdoar-se pelos teus erros e seguir em frente. Você realmente erra como pai e culpa todos os erros que teu filho comete nos erros que você cometeu como pai ou mãe; largue essa culpa, saio do passado e perdoe a si mesmo. Você arruinou tua carreira, envergonhou tua família... é hora de quebrar as correntes da culpa, erguer a cabeça e dizer: “Eu me perdoo” – Você merece liberdade. Todo mundo faz coisas assim. Se perdoar é a única maneira de se livrar do perseguidor e acusador de uma vez por todas...



É fácil acreditar em tal conselho. Não caia nessa. Perdoar a si mesmo, não é apenas impossível; é tolice, perigoso e fútil.  É a tentativa vã de uma alma atormentada pela culpa procurar alívio no último lugar que deveria estar olhando: em si mesmo.


Dizer a um amigo, “perdoe a si mesmo”, é o equivalente a dizer a uma pessoa morrendo: “Cure-se”. A absolvição, como a medicina... tratamento, remédio... vem de fora de você, na do doente.


Nosso problema não é que sabemos que Deus nos perdoou, mas não nos perdoamos. Não, nosso problema é que não acreditamos que Deus nos perdoou nos termos bíblicos. Como Ele revelou ser seu perdão em Sua Palavra. Esse é o problema. Ele é o ofendido final, Ele dá o perdão final em Cristo. Você não peca contra você mesmo. Isso é ridículo.

Esse é o problema. Nós nos iludimos em supor que Deus forneceu 80%  do perdão, e agora é nossa responsabilidade chegar aos outros 20% do perdão ( Já que achamos que parte foi uma ofensa a nós mesmos – nossa dignidade... ) – Nos iludimos pensando, o Senhor fez a sua parte: “Eu te perdoo”, e agora precisamos fazer a nossa parte, “eu me perdoo”. Esse pensamento que se tornou comum, é muito pior que auto-ilusório; é autodestrutivo. No final acabamos nos transformando no “rabo humano” querendo abanar o “cão divino”.


Quando Deus perdoa, Ele perdoa completamente. Davi não tem que se perdoar pelo pecado dele. Ele não era a parte ofendida pelo seu pecado. Não foi a glória dele que foi desprezada. Não foi a dignidade dele que foi desprezada, mas a de Deus. E quando Deus perdoa, ele perdoa completamente. Não há deficiência em seu perdão em Cristo, nem 20%, nem 10%, nem 0,000000000000000000001% de absolvição que precisamos pode vir de nós para encerra este negócio.


Todos os atos sombrios que trazem ruína e desastre aos casamentos e famílias e carreiras; todas as mentiras e enganos; toda a vergonha e mágoa e arrependimento que nos acontecem depois - tudo isso Deus perdoou de uma só vez, porque ele transferiu todo esse mal para um homem perfeitamente justo que voluntariamente deu sua vida em nosso lugar. Mesmo que os outros se recusem a nos perdoar, descansamos, porém, pacificamente na única absolvição que importa: a que o próprio Jesus dá da sua sangrenta cruz de amor maravilhoso.


Quando o acusador aparecer, empurre em direção a ele uma cruz coberta de sangue. Ela vai desaparecer na escuridão de onde ele veio. Ela não pode nos causar mais danos, pois sua única arma - nossos pecados - foi arrancada de suas mãos por uma mão com cicatrizes eternas: “Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós.” - Romanos 8:33,34


Os lábios sombrios que nos acusam foram costurados por aquele que, como uma ovelha que está em silêncio diante de seus tosquiadores, foi conduzido como um Cordeiro mudo para o massacre salvador. Os capítulos de nosso passado sombrio foram expurgados do registro biográfico. Eles foram substituídos por uma única página do Livro da Vida, na qual nossos nomes estão escritos na tinta do sangue divino e indelével do Cordeiro de Deus. A declaração é: Justificado! E nada do que você fez cooperou para esta realidade. Cristo fez tudo sozinho. E nele, o Pai nos perdoou. O humanismo secular – centrado no homem – sempre traz conceitos mortais para o cristianismo.

Fonte: Site do autor 

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A Pregação Que Mudou Minha Vida - Paulo Junior

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Fonte: Canal do YouTube Em Defesa do Evangelho




segunda-feira, 24 de julho de 2017

A Habitual Batalha Contra a Amargura (1)

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por Eric Davis

É inevitável. As pessoas vão nos machucar. Até mesmo aquelas próximas a você. Na verdade, talvez especialmente aquelas próximas a você.
Com cada ferida, há o potencial para despertar o monstro da amargura. Ele tem um sono leve. E ele é mais inteligente do que pensamos. Até uma pequena briga no relacionamento é suficiente para despertá-lo para a ação. Não devemos subestimá-lo.
Amargura: ferida causada tanto por ofensa real ou apenas aparente, que passa sem ser checada, e é permitida a continuar devido à falha de aplicação dos princípios bíblicos e meditação sobre a ofensa, resultando em ódio e ressentimento.
Amargura é a cura rápida da carne. Lidar biblicamente com o conflito e com as feridas se torna muito trabalhoso. Então, como um traficante espiritual, amargura oferece uma rápida sensação de “estar alto”. Mas, apesar de ela oferecer isso por um momento, ela te destroi com o tempo.
Com certeza, feridas reais ocorrem muito mais do que frequentemente por meio de atrocidades como abuso e atos criminosos. Nesses casos, a luta contra a amargura pode ser torturante. Até mesmo e especialmente nesses casos, Deus estende sua confortante e transformadora graça para a maior ferida da vida. (Gn 50:20)
Mas frequentemente, amargura se desliza e é semeada em milhares de momentos menores e em lutas na nossa vida habitual. Por essa razão, devemos estar em guarda. Cristão, temos que resistir a isso. E nos arrepender. A amargura é uma assassina.
Aqui estão algumas poucas maneiras que me ajudaram em minhas próprias batalhas contra a amargura:
  1. Não subestime o poder da amargura
Me assusta quão facilmente a amargura invade o meu coração. E igualmente assustador é a quantidade de pessoas que em suas lutas da vida diária dizem: “Ah, eu não estou amargurado, eu só estou tendo um pouco de dificuldade”. Nenhum de nós está acima disso.
E eu acho que nós pastores estamos especialmente sujeitos a isso, porque nós estamos, por chamado e mandamento, muito envolvidos em relacionamentos. Ah, e assim como  todo mundo, somos pecadores.
Se você é parecido comigo em algumas situações, nós vamos dizer, “Eu não estou amargurado, só estou tendo um pouco de dificuldade”. Talvez. No entanto, “um pouco de dificuldade” no surgimento de um conflito relacional é geralmente amargura residual. E, mesmo se tivermos aceitado um pedido de desculpas ou tivessemos prometido perdão, é possível que a amargura ainda esteja em nosso meio.
Sinais óbvios da amargura incluem odiar alguém em nossos corações, difamações, vingança, e injustamente cortar alguém de seus relacionamentos. Considere  diagnosticar a possibilidade de menos amargura. Você continua insistindo com a pessoa/incidente de um jeito desfavorável? Você usou a pessoa ou incidente contra ela? Você levantou o assunto sobre a pessoa/incidente para outros que não precisavam saber dos detalhes? Você, de forma quieta, teve prazer em como as pessoas tomaram o seu lado da questão contra o outro? Você está permitindo desnecessariamente que esse incidente continue entre o seu relacionamento com a pessoa? Você está considerando abandonar essa pessoa? Se sim, a amargura deve ter começado a infiltrar seu coração.
E fique atento àqueles ringues mentais que gostamos de criar. Apesar do prazer rápido e fácil que eles podem fornecer, a prática de corajosamente vencer discussões com as pessoas em nossas próprias mentes alimenta o nosso fariseu interior e o monstro da auto-justiça. Por que estamos fazendo isso? Essa é uma maneira pela qual nós podemos, verbalmente, colocar o pescoço do nosso inimigo sob os nossos pés. Estamos com amargura.
Nós fazemos bem em orar como Davi, “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmo 139.23-24)
  1. Mantenha aquela hora silenciosa da manhã
Eu digo “da manhã” porque quando estamos em batalha contra a amargura, a luta pelo pensamento bíblico pode começar mesmo antes do nosso pé tocar o chão.
E, já que a amargura é largamente uma batalha para o coração, bombardeá-lo com bondade, graça e glória de Deus no começar de cada dia ser mostrará uma técnica efetiva na batalha. “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço” (Salmo 119.165)
E nessa hora silenciosa, nós podemos substituir a amargura contra uma pessoa por amor em oração bíblica por ela.
  1. Lute por uma visão precisa e elevada de Deus
Nossa amargura pessoal está muito mais relacionada a Deus do que às pessoas. Certamente, pecados cometidos contra nós são reais e incômodos. No entanto, Deus nos equipou com todas as coisas necessárias para vida e piedade, inclusive aquelas necessárias contra o pecado da amargura. A maior destas coisas é, com certeza, Ele mesmo.
Confiando na soberania de Deus quando tentado pela amargura, temos esperança nEle. Relembrando da bondade de Deus, nós descansamos nEle. Abraçando a disciplina de Deus, nós crescemos nEle. Lembrando da santidade de Deus, nos conformamos a Ele. Visando a glória de Deus, nos alinhamos com Ele. Especialmente na batalha contra a amargura, quando nós lutamos para ter uma visão mais correta e exaltada de Deus, teremos menos espaço para ficar ofendidos com o que “fulaninho” fez ou disse.
  1. Negue-se a se separar do corpo de Cristo
É sempre muito mais fácil apertar o botão de ejetar nas discussões sobre relacionamento. Você não tem que lidar com isso. Sem mais preocupações sobre “O que eu vou falar quando eu encontrar com eles?”. O fator de “bizarrice” se foi. “Vou achar uma igreja diferente ou grupo familiar ou cidade”. Isso tudo é simplesmente tão fácil. E esse é o problema.
Porém, se separar desses irmãos e irmãs em Cristo é provavelmente o que Satanás e sua carne estão tentando fazer. Dividir e conquistar.
Mas é por isso que existem não menos do que 40 “uns aos outros”. Deus deseja que nós fiquemos juntos, encaremos o sentimento de estranheza e verdadeiramente conversemos com as pessoas diretamente, provavelmente quebrando os nossos egos mais algumas vezes e lidando com isso. E Ele deseja isso porque Ele nos ama. A amargura irá nos matar. Ela tira glória de Deus e abre a porta para milhares de outros pecados e miséria. “O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria.” (Pv. 18.1)
Ir pelo caminho de continuar na igreja local como Deus ordena é a coisa mais difícil. É por isso que é a melhor coisa. Se nós formos obedientes e continuarmos conectados de forma sincera, isso será tanto o hospital para curar nosso ensimesmamento quanto para provarmos a base para o amor real.
***
Fonte: Reforma 21 


quarta-feira, 28 de junho de 2017

Lições de Martin Bucer para pastores (Parte 2 de 2)

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Sobre as Escrituras

Qual é a coisa mais eficaz que um pastor pode fazer para edificar uma igreja saudável? Como um pastor deve responder a uma ovelha fraca que está lutando muito contra o pecado? Qual é a cura para a raiz do pecado? Em resposta a essas perguntas que os pastores enfrentam, Bucer oferece a mesma resposta: as Escrituras. Mesmo Sobre o Verdadeiro Cuidado das Almas faz esta afirmação extensivamente a partir da Bíblia. Bucer começa cada capítulo com passagens que fornecem um fundamento para o seu raciocínio subsequente.
Falando sobre ovelhas fracas e em sofrimento, Bucer afirma que “o mais importante que deve ser feito é apontar para elas e adverti-las de que devem participar das reuniões da igreja com toda a diligência, ouvir com expectativa a Palavra de Deus, receber os santos sacramentos e serem zelosas e reverentes em todas as práticas da igreja” (168). Em outras palavras, Bucer argumenta que o plano de restauração e crescimento espiritual da Bíblia é prestar atenção à pregação da Palavra e receber a administração da Ceia do Senhor. Em nosso mundo de entretenimento cheio de “gurus” de autoajuda, o plano bíblico de ouvir a Palavra silenciosamente e receber humildemente a Ceia pode parecer fraco. No entanto, nunca devemos esquecer, como Bucer nos faz lembrar, que essas disciplinas aparentemente inconsequentes compreendem o plano de Deus para a saúde espiritual. Portanto, os pastores que buscam o bem-estar de seu rebanho enfatizarão tal plano.
Bucer exaltou a Palavra, porque ela fornece a cura para a raiz de nossas ações pecaminosas: a incredulidade. “Uma vez que todas as enfermidades e fraquezas na vida cristã decorrem da fraqueza e da ignorância da fé, e a fé vem pela Palavra de Deus e é fortalecida e encorajada por ela, todo o fortalecimento da ovelha fraca e enferma depende da Palavra de Deus fielmente anunciada a elas, e que elas sejam levadas a ouvi-la com prazer e tenham toda a sua alegria nela” (167). Expressando-o de modo simples, o cuidado pastoral começa com as Escrituras e, como pastores, devemos garantir que aqueles que estão sob nossos ministérios a recebam em abundância. Mais do que qualquer outra coisa, esse é o caminho para a saúde espiritual.
Sobre a evangelização
Finalmente, fico impressionado que mesmo antes do chamado “Movimento de Missões Modernas” e no contexto da chamada Europa “Cristã”, Bucer repetidamente exorta os pastores a buscarem os perdidos. Ele anuncia “o chamado e ordem apostólicos para ir até as pessoas de fora” (88). Ele argumenta que “os ministros de Cristo devem fazer tudo o que puderem para encorajar as pessoas à comunhão com Cristo, de modo que fique evidente que eles estejam compelindo as pessoas a entrar” (75).
Pastor, companheiro irmão ou irmã no Senhor: Como você tem se preocupado com a evangelização? Quando você vê alguém totalmente separado de Cristo, há uma tristeza que o leva a orar e a falar quando a ocasião surge? Bucer e a Bíblia não conhecem nenhuma categoria de um pastor que está ocupado demais estudando para buscar as ovelhas perdidas. Como Bucer observou com veemência, um verdadeiro pastor sai e busca aqueles que estão perecendo. Ele encerra o seu capítulo “Como as ovelhas perdidas devem ser buscadas” com essas palavras pungentes aos pastores que não buscam os perdidos: “O Senhor acusará esses pastores desleais ​​e infiéis com grande repúdio: a [ovelha] perdida não buscastes (Ezequiel 34.4) (89).


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Fonte: Voltemos ao Evangelho 



Lições de Martin Bucer para pastores (Parte 1 de 2)

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Como um presbítero, acho útil ler livros de pastores que compreenderam o evangelho bíblico, ainda que tenham vivido em diferentes séculos, continentes e culturas. Embora os principais pontos afirmados por esses homens raramente sejam completamente novos, contudo, encontro uma percepção nova e encorajamento específico a partir das perspectivas únicas desses homens.
Escrito na Europa no início do século XVI, Concerning the True Care of Souls [Sobre o Verdadeiro Cuidado das Almas], apresenta uma ilustração da séria e alegre responsabilidade do pastoreio. Martin Bucer escreveu o livro para que os cristãos “entendam minuciosamente o que é a igreja de Cristo, qual a regra e a ordem que ela deve ter, quem são os verdadeiros ministros e como eles devem exercer o seu ministério no cuidado das almas” (xxxiii). Embora existam muitas pérolas pastorais no livro, este resumo enfocará em alguns pontos que os pastores podem aplicar no ministério hoje.

O contexto de Bucer
Martin Bucer (1491-1551) não é tão conhecido quanto João Calvino ou Martinho Lutero, mas durante o século XVI, os escritos de Bucer e a reforma da igreja em Estrasburgo tiveram muita influência. Por exemplo, Calvino olhou para a eclesiologia de Bucer quando se esforçou para reformar Genebra. Bucer também obteve uma reputação como um mediador que buscava a unidade teológica mesmo quando esta parecia improvável.
Embora haja muito o que aprender com Bucer e “Sobre o Verdadeiro Cuidado das Almas”, ele ainda omite algumas questões. Por exemplo, sua compreensão da relação entre a igreja e o estado, embora melhorada em relação à cristandade medieval, permanece confusa. Além disso, seu uso regular do termo “penitência” não é útil, pois poderia ser mal interpretado que ele estava ensinando teologia semelhante à teologia dos Católicos Romanos.
Sobre o arrependimento genuíno
Em uma recente reunião de presbíteros na igreja em que eu ajudei o pastor, discutimos sobre o que fazer com um membro que repetidamente fornica e depois expressa ostensivamente estar arrependido. Esta situação, comum nos dias de Bucer e Calvino, é talvez ainda mais prevalente em nossos dias. Como os pastores hoje respondem aos membros que cometem pecado público grave, como a prostituição repetida ou o divórcio ilegítimo? Bucer argumenta que a igreja deve lidar com esses pecados graves “com grande seriedade e verdade, e não pode omitir ou perdoar os pecados de ninguém, exceto daquele sobre quem pode ser reconhecido, na medida do possível, estar verdadeiramente triste por seus pecados e comprometido de todo o seu coração a caminhar em retidão. Mas essa verdadeira tristeza e compromisso com a reforma após pecados mais sérios e grosseiros não é provada por alguém que se afasta do pecado que cometeu, simplesmente por dizer: ‘Sinto muito, não o farei novamente’ (118; cf.. 160 -161). Falando sobre a mesma situação, Bucer afirma posteriormente que a igreja deve buscar “muitos e sérios indícios de seu arrependimento” (161).
Ecoando a seriedade com que as Escrituras lidam com esses pecados (cf.. 1 Coríntios 6.9-11; Efésios 5.3-7; Gálatas 5.19-21), Bucer fornece uma correção útil para o nosso tempo em que podemos nos tornar habituados com aquilo que a nossa cultura e corações pecaminosos celebram. Então, companheiro presbítero, como você está avaliando um arrependimento genuíno, especialmente em casos de pecados públicos e graves? O membro em questão toma medidas para evitar o pecado, como romper um relacionamento, encontrar um novo emprego ou mudar a sua situação de moradia? Se não, considere ser apropriado atentar ao conselho de Bucer: “Não é correto que [a igreja] perdoe alguém assim que diz: ‘Eu me arrependo dos meus pecados’, quando não há nada que indique este arrependimento” (136). Bucer observa que “todo cristão verdadeiramente arrependido se comprometerá de forma muito sincera e alegre com toda a correção e humilhação propostas pela igreja, pois ele terá mais consciência da misericórdia de Deus e do amor verdadeiro de todos os santos” (134). Embora seja impossível discernir perfeitamente o arrependimento e a motivação de alguém, os pastores podem e devem buscar sinais de que um arrependimento professado é genuíno, recusando-se a aceitar alguém que simplesmente diz: “Desculpem-me, não farei mais isso” (161).
Sobre a disciplina eclesiástica
Para pessoas do século XXI como eu, o tema da disciplina eclesiástica soa como algo rude e abusivo. Ainda que se exercida indevidamente com certeza, e tristemente, pode sê-lo, porém Bucer fornece uma visão diferente. Conhecido como um homem pacificador do século XVI, Bucer afirmou que “se a igreja realizar esta disciplina com adequado fervor, o Senhor, o principal Médico das pobres almas, a abençoará com êxito e um grande e notável fruto” (143). Quantos cristãos sofrem com o abuso da falta de cuidado espiritual nas mãos de pastores que se recusam a prestar atenção aos conselhos de Bucer e, mais importante, do próprio Cristo (cf… Mateus 18.15-20)?
Falando sobre a disciplina eclesiástica amplamente definida, Bucer escreve que “se apenas este remédio das almas fosse prescrito e aplicado com a moderação e diligência que falamos acima, isso apenas poderia e iria resultar, por esta ser uma obra e ordem Cristo, em operar grande piedade e reforma, em vez de ser meramente prejudicial ou impossível” (151). Como Bucer observa, há necessidade de muita sabedoria, cuidado e moderação nesta questão, mas é certo que a disciplina é necessária. Evitar lidar com o pecado — ou seja, com o seu próprio ou de outro cristão — pode gerar menos trabalho, mas também demonstra menos amor.

Continua na Parte 2.
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Fonte: Voltemos ao Evangelho



sexta-feira, 2 de junho de 2017

O Grande Pecado que Inventamos!

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A essência do pecado é “Brincar de Deus” – viver não para Deus, mas para si mesmo, vendo Deus como parte do todo no qual estamos no centro e para qual mesmo Deus se inclina.  O mundo está mergulhado em auto-absorção.

Que imagem é essa senão a do diabo, já que seu pecado, orgulho auto-exaltado, foi o pecado dele muita antes de existirmos? Qual é o espírito do culto de nosso geração? Em torno do que ele está? O grande pecado pregado hoje, espelhando nosso mundo, não é a falha de em tudo honrar a Deus e lhe ser grato em todas as circunstâncias da vida, mas a falta de estima por si mesmo.

A geração que “cultua” a Deus em nossos dias ( cultua a si mesma) achando que a ideia de auto-humilhação (Lc 9.23, 1Pe 5.6) é um mal supremo, prefere então não se ofender  com a atitude oposta, o que podemos chamar de Deus-humilhação, ou seja, o rebaixamento de Deus em favor do ego e estima humana. É de novo e de novo cair da tentação do Éden de “ser como Deus” (Gn 3.5). Um culto que repudia a auto-humilhação e nossa indignidade, expressa a mente descrita por Paulo em Romanos 8.7: “o pendor da carne  é inimizade contra Deus” – é o retrato da mente do homem não regenerado. Esse pendor manifesta o profundo descontentamento do coração humano com o governo de Deus, ressentimento contra suas reivindicações e hostilidade para com a Sua Palavra. De tal forma isso se tornou comum que é só a Palavra ser proclamada que logo vozes se levantam: “mas isso é muito duro...” – Por causa disso o grito de libertação de nossos dias – ecoando o mundo, não é mais, “miserável homem que sou... quem me livrará...” – mas: “Que homem digno eu sou, quem me ajudará a ver melhor a minha dignidade?”

E onde entram as águas de Kheled-zâram nisso tudo? Na obra de Tolkien,O Senhor dos Anéis, já perto do fim da primeira parte – A Sociedade do Anel – depois que a companhia atravessa as perigosas minas de Moria,  com muito custo chegam do outro lado, tendo “perdido” Gandalf na atravessia, o grupo está arrasado. Há um grande lamento, Gandalf é o líder... como ficarão sem ele? Há grande sofrimento e incredulidade, ele era o mais poderoso entre eles.

No meio desse grande lamento por Gandalf e ainda temendo por suas vidas, Gimli ( o representante dos anões na sociedade ), insiste para que Frodo ( o portador do Anel ) e o inseparável amigo, Sam, se juntem a ele enquanto olha as águas de Kheled-zâram.

A principal maravilha do Lago-espelho é que ele reflete apenas as montanhas e as estrelas: “Das sombras dos próprios corpos inclinados não se via nada” – Ele tira, em seu reflexo, a pessoa do centro, ela não se vê, ela pode ver tudo sem ter ela no centro, sem ter ela como perspectiva central da cena. Ela então pode ver coisas que jamais poderia ver com ela no centro. Coisas fundamentais que parecem periféricas quando vistas ao redor apenas. Coisas maiores que nossas alegrias, triunfos ou tragédias aqui. Coisas que sobreviverão quando nenhum de nós estiver mais neste planeta. ( Ver coisas que durarão para sempre, como diz Paulo).

Não é essa nossa grande necessidade? As “águas de Kheled-zâram”, o lago espelho que nos tira totalmente da perspectiva central nas alegrias, triunfos e tragédias, e nos faz enxergar coisas eternas?

Sem a libertação da grande característica do pecado que os Reformadores chamaram de homo incurvatus in si, estamos presos em nossos egos, em auto-absorção, e todo culto, e todo nosso cristianismo não passa de farsa, pois ainda estamos brincando de deus.

Hoje, o primeiro grande mandamento de nossa geração, o primeiro mandamento que tem moldado nosso cultos é “amarás a ti mesmo” – explicamos todos os problemas com base na baixa auto-estima. Não gostamos de nada na Palavra de Deus que julguemos que provocará isso. Décadas de sermões, livros... inculcando isso na mente de uma geração fez um estrago enorme. Temos de fato o culto do Eu. O culto para o mundo, o culto relevante, o culto para o jovem, o culto para os casamentos, o culto...  O foco é o homem e não Deus, e sequer nos envergonhamos mais de tão grande distorção. Não há oposição quase nenhuma a tão grande afronta a Deus. Não cultuamos Deus, cultuamos nossa auto-estima.

A atitude corrente é a de autodeificação, dela só poderia brotar atos de autodeterminação contra Deus, Sua Palavra... tendo que o que é eterno e imutável, se “moldar” ao que é mortal, finito e mutável. Já não conseguimos olhar mais nada sem ver nossa face no centro da perspectiva. Era exatamente isso que as águas de “Kheled-zâram”, o lago espelho, fazia, tirava o homem da perspectiva.

Sem esse “milagre” de Kheled-zâram, o homem não pode sequer esbarrar nas doutrinas fundamentais sobre ele, pois, por não estarem indo na direção do culto a auto-estima, serão descartadas como absurdas, não porque a Bíblia não as ensina, mas porque ofende a sensibilidade do ego adorado. Por exemplo, todo homem além do trabalho regenerador de Deus é totalmente depravado, ou seja, ele não é capaz de nenhum ato ou pensamento sagrado, santo, aceitável... diante de Deus. Paulo diz que “tudo que não é por fé é pecado” (Romanos 14.23) – Portanto, tudo que um homem irregenerado faz é pecado, mesmo que ele dê todos os seus bens para alimentar o pobre ou o seu corpo para ser queimado (1 Coríntios 13.3) – O motivo verdadeiro para qualquer ato só pode ser definido devidamente com referência a honra de Deus, sua santidade,  sujeição a Ele, sua honra... qualquer coisa feita sem essa referência e que não confia tão somente em sua misericórdia e em nada de bom no homem, não são boas, portanto: "Não há ninguém que faça o bem nem um sequer" - Romanos 3:12. É óbvio que isso é uma pedra de tropeço intransponível para o coração irregenerado.

Vida cristã é uma vida que consiste em seguir a Jesus, e segui-lo está no estremo oposto ao culto da auto-estima: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!” – Hoje vivemos numa geração que quer seguir a Cristo com muito do mundo e de si mesmo e muito pouco de Cristo em suas vidas, porque culto a auto-estima e cruz são antagônicos.

Ele diz que primeiro negue-se e só depois siga-me.

Primeiro – Renuncie a si mesmo.
Segundo – Tome a sua cruz.
Terceiro – Siga-me.

Essa é a ordem das coisas. Mas o Ego está no caminho juntamente com o mundo e suas milhares de atrações. O culto a auto-estima e o “para mim o viver é Cristo... e não mais vivo eu mais Cristo vive em mim”, são incompatíveis. O que Paulo está dizendo é que “para mim o viver é obedecer a Cristo, é servir a Cristo, é honrar a Cristo...” – é isso que significa. Tomar a cruz significa obediência, consagração, rendição... uma vida colocada à disposição de Deus para Sua glória – significa morrer para o Ego. “Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” –Filipenses  1.20 – Fomos mandados para o mundo para viver com a cruz estampada em nós, não há outra forma para que de fato a vida de Cristo seja mostrada em nós: “Trazendo sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo” – 2Coríntios 4.10.

Tudo isso é fábula sem as “águas de Kheled-zâram”, ou seja, sermos levados a uma visão da vida em que não estamos mais no centro, podendo ver então tudo que é eterno, tudo que em nossos triunfos e tragédias aqui, glorifiquem a Deus: “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” 2 Coríntios 4:18 – Ele não põe ele mesmo no centro da perspectiva, mas o plano eterno de Deus – ao não estar centrado em si, tudo que era eterno tomava um lugar que não podia ser visto antes. Era o que as águas de  Kheled-zâram  faziam.

Nós não desanimamos porque os nossos olhos estão fixos no que é invisível e eterno.

Podíamos ver tantos exemplos na vida de Paulo, mas encerremos com um apenas. Paulo podia ver as correntes que o prendiam aos soldados romanos dia e noite. Mas seus olhos não estavam sobre elas e eles. Cada corrente foi forjada por Cristo e seria usada para Cristo. Se o ego estivesse no centro da perspectiva, isso seria impensável, mas Paulo pensava: “como posso usar essa cela de prisão e essas correntes para a glória de Cristo? Como honrar aqui, nesta situação o Senhor do Céu!”

Ele nunca fez das coisas deste mundo o alvo do seu olhar, ele podia ver longe, ele não se via no centro da perspectiva. Se ele fosse adepto do culto da auto-estima de nossa geração, teria ficado oprimido ali, paralisado por sua própria mortalidade, obcecado pelos triunfos aparentes dos inimigos, ou desestabilizado pelo pequeno apoio das igrejas. Mas ao não se ver no centro da perspectiva, ele pode fixar os olhos sobre o que era invisível.

Como dissemos antes, a principal maravilha do Lago-espelho, Kheled-zâram - era que refletia tudo, a obra das mãos de Deus, sem mostrar a face de quem estava olhando: “Das sombras dos próprios corpos inclinados não se via nada!” – Naquele momento de tragédia e dor, onde parecia que tudo iria perecer, não havia lugar melhor para Frodo e Sam olhar, e foi isso que Gimli os incentivou fazer.

***

Por: Josemar Bessa 

Fonte: Site do autor


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